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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Gays criam igreja pentencostal homossexual e vão para parada gay evangelizar

Gays criam igreja pentencostal homossexual e vão para parada gay evangelizar
Vestido de forma sóbria, um grupo de homossexuais vai participar da 4ª Parada da Diversidade de Bauru sem carregar os tradicionais adereços coloridos. Nas mãos, estarão panfletos religiosos que têm o objetivo de evangelizar os participantes do evento.
Eles formam a primeira comunidade religiosa gay da cidade. Organizam o que pode se transformar numa inovadora igreja aberta aos homens e mulheres homoafetivos, hoje discriminados por católicos e evangélicos conservadores. “Não acreditamos que o homossexualismo seja pecado e afirmamos que a ‘Bíblia’ não o condena”, afirma o Missionário Junior, um dos líderes do grupo. “A presença dos gays é o próximo paradigma a ser quebrado.”
Ex-seminarista, Junior, 27 anos, tem uma história de 15 anos dedicados à Igreja Católica. A religiosidade foi despertada justamente porque, na adolescência, numa época em que confundia sua sexualidade com uma doença, chegou a acreditar que poderia ser “curado” na igreja. Depois, percebeu que não era nada disso. E descobriu a teologia inclusiva, um segmento em crescimento no mundo todo.
Agora, o missionário juntou seu projeto Presença de Deus à comunidade Deus é Mais, criada a partir de conversas entre amigos religiosos e gays. Eles se sentiam excluídos nas igrejas que frequentavam e começaram a se reunir para orar. Evangélico desde os 11 anos, Alexandre, 36, é o fundador da comunidade, ao lado do namorado, Renato, 22.
Frequentador de  igrejas evangélicas tradicionais, Alexandre já sofreu  bastante por se sentir pressionado a esconder sua condição. Quando estavam perto de descobrir que era gay, não voltava mais aos cultos e reuniões. “Sempre fui meio quiabo”, brinca, sobre essa fase. Na comunidade que criou, a liberdade de expressão é a maior conquista.
As reuniões são realizadas numa antiga loja, ainda a portas fechadas. Os interessados em frequentá-las precisam antes entrar em  contato com os organizadores. A futura igreja deverá seguir os princípios pentecostais – crença na presença do Espírito Santo por meio de dons como o da cura, visões e línguas.
Alguns heterossexuais também frequentam o grupo, que tem a intenção de promover a restauração de vidas e prega relacionamentos sérios, distantes da promiscuidade, das bebidas e das drogas.
“Antes, o preconceito era com as mulheres e com os negros. Esses tabus já foram quebrados. Agora, pela força do nome de Jesus, estaremos com espaço de refúgio para a comunidade LGBT e familiares, hoje excluídos pelas igrejas, reforça o missionário.
Segmento ganha destaque no Brasil
Em São Paulo, a Igreja da Comunidade Metropolitana é uma das inclusivas. Fundada na década de 1960 nos EUA, hoje está em mais de 50 países.
10.000 é o número de panfletos evangelizadores que serão distribuídos na Parada, dia 28.
Para quem quiser entrar em contato
Para ter contato com o Pastor Júnior:  juniorbauru7@yahoo.com.br. O endereço eletrônico da comunidade Deus é Mais é o allegari_@hotmail.com
Evangélico sofreu rejeição ao contar sobre namoro
Frequentador de uma igreja evangélica, Marcos, 30, fazia parte do ministério do louvor quando o líder descobriu que é homossexual. Então, começou a perseguição. Marcos percebeu que era mais cobrado – a exigência em relação a ele era maior. Um dia, o líder perguntou sobre a aliança usada pelo fiel: “Por que é igual a que o seu amigo usa?”.
Marcos falou a verdade: é porque o amigo, na verdade, era namorado. Então, ouviu as tradicionais reprimendas sobre o amor entre dois homens. Rebateu dizendo que era a sua vida. Chegou ao ponto de os outros integrantes do grupo serem orientados a não conversar mais com o casal. Antes disso, ele mesmo viveu a fase de rejeitar a sexualidade, até tomar consciência de que não cometia nenhum pecado.
“O grande preconceito que o homossexual sofre é o dele mesmo”, diz agora. Dono de voz que chama a atenção na hora das canções religiosas, Marcos acredita que muitos gays partem para uma vida sem muitas regras por causa da rejeição que sofrem na família, sociedade e nas  igrejas. Conta que ele mesmo vivia “situações erradas” quando chegou à comunidade de orações.
Hoje, compartilha as fraquezas e as virtudes. É enfático ao dizer que o espaço que organizam é para a restauração de vidas. “Nós nos identificamos com aqueles que sofrem a discriminação”, afirma.
Aberta ao acaso, a “Bíblia” do grupo deu o fecho necessário para a noite de orações: “A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas”.
Inclusão na previdência oficializou casal
Casados há cinco anos e cinco meses, o psicólogo Ricardo Mokdici, 47 anos, e Edson Francisco Goulart, 33, são a prova de que a união estável de parceiros gays existe no Brasil antes mesmo do STF (Supremo Tribunal Federal) reconhecer a união homoafetiva.  Em 2007, eles conseguiram o reconhecimento da união pela Funprev (Fundação de Previdência dos Servidores Públicos Municipais), com direito a pensão para Edson em caso de morte e plano de saúde – uma decisão pioneira em Bauru.
BOM DIA_ Vocês já oficializaram a união em cartório?
Não, apenas através da Funprev – que, na verdade, é um documento de reconhecimento oficial da nossa união, o que torna desnecessário outro documento com a mesma finalidade. Nosso maior e melhor  compromisso é o que temos um com o outro: o compromisso do amor, respeito, companherismo, compreensão.
Ainda encontram barreiras burocráticas?
De forma alguma, sempre tivemos a maior facilidade e naturalidade,  pelo menos aparentemente, ao nos expor, para um ou outro ser incluído em algum benefício.
Houve algum entrave no processo para incluir seu parceiro na previdência municipal?
O processo todo ocorreu dentro da normalidade, como qualquer outro processo de reconhecimento de uma união estável.
Vocês são pioneiro em Bauru na divulgação dos direitos dos gays. Isso teve algum peso em sua vida?
Sempre dei a cara a tapa, inclusive com palestras em escolas sobre sexualidade, DST/aids e afins, sempre como voluntário e comprando muitas brigas na época. É muito bom saber que alguns têm memória a respeito disso.
Por que?
Sinto em Bauru, talvez até mais do que a média nacional, que muitos têm facilidade em esquecer o passado e supervalorizar o presente, como se a estrada tivesse começado agora – isso em todas as áreas.
Ainda existe muito preconceito contra os gay?
O maior preconceito vem do mesmo grupo que se sente discriminado. Infelizmente. E vocês [jornalistas], melhor do que ninguém, podem conferir isso, pois com certeza encontram muitas dificuldades para encontrar casais gays bem resolvidos.
Fonte: Rede Bom Dia

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