Reflexão sobre o tema é importante para despertar consciência da culpa e a busca pelo perdão de Deus
Assunto polêmico e praticamente inexistente nas igrejas evangélicas, por seu conceito perturbador, a existência do inferno foi revelada pelas Escrituras e pelo próprio Jesus.
O reverendo Augustus Nicodemus, doutor em teologia e chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie falou aoGospel Prime sobre o assunto, que apesar de incômodo, obriga a uma reflexão por parte dos crentes. “Ele produz uma apreciação mais profunda da obra de Cristo e do sofrimento que ele teve que suportar para nos livrar deste lugar de tormento”, diz.
Segundo o teólogo, há uma tendência em alguns setores das igrejas evangélicas de pregar somente aquilo que agrada aos fiéis, com o objetivo de mantê-los na igreja. “Pregar sobre o inferno pode espantar gente das igrejas”, aponta.
Ele explica que existe uma corrente teológica, que prefere acreditar na extinção da alma do ímpio, chamada aniquilacionismo. Outros preferem acreditar que todos serão salvos ao final. “Reconheço que o conceito do sofrimento eterno dos ímpios no inferno é profundamente perturbador. Todavia, ele faz parte da revelação bíblica. Foi o próprio Jesus quem ensinou sobre o inferno e, na verdade, até mais que seus discípulos”, explica o estudioso.
Outra importante consequência do estudo do tema é a compaixão pelos que ainda não conhecem a Cristo como Salvador. “O tema gera compaixão profunda pelos que ainda não aceitaram a Jesus como Senhor e Salvador, o que deveria levar a evangelizar mais intensamente a todos”, incentiva Nicodemus.
A ideia recorrente entre muitos grupos de que “o inferno é aqui” é rechaçada pelo teólogo: “se o inferno é aqui na terra, por que ninguém quer sair dele? Se o inferno fosse aqui na terra, seria uma tremenda injustiça, pois vemos pessoas boas sofrendo muito e bandidos, corruptos e imorais vivendo bem”. E completa: “a verdade é que os sofrimentos desta vida não têm a menor comparação com os sofrimentos descritos na Bíblia e que estão reservados para o diabo, seus anjos e os ímpios”.
Ele diz que para aqueles que não crêem, a reflexão sobre a realidade do inferno pode produzir a consciência de sua culpa, terror e medo do sofrimento que os aguarda e mesmo ser um incentivo poderoso para buscar a Deus e seu perdão.
Justiça divina
A busca por justiça é inerente à consciência de todos, e o desejo de que os maus sejam castigados é universal.
“Está impresso na alma de cada indivíduo”, diz Nicodemus.
Ele discorre que a existência de um lugar de condenação eterna pode ser parte da resposta a esse sentimento e busca por justiça.
“É evidente que nesta vida os maus não são punidos. Fica então o clamor dos injustiçados e oprimidos que um dia, de alguma forma, os culpados sejam devidamente punidos. Para os que crêem na Bíblia, o inferno é parte da resposta a este desejo universal por justiça”, conclui.
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