Sean Gordon Murphy é um artista gráfico conhecido no mundo dos quadrinhos que está no centro de uma polêmica. Aos 31 anos, ele que já desenhou aventuras de “Batman” e “Vampiro Americano”, em breve deve assumir um papel de destaque na DC Comics, uma das empresas mais reconhecidas do globo.
Murphy tem atuado como desenhista e arte-finalista, eventualmente escrevendo roteiros também. Na década passada, ficou conhecido por ter lançado, de forma independente, adaptações para quadrinhos de filmes e séries de TV, como “Star Wars”, “Law & Order: SVU” e “Buffy, a Caça-Vampiros”.
Nos últimos anos lançou pela editora Vertigo as minisséries “Joe, o Bárbaro” e “Hellblazer: Cidade dos Demônios”.
Murphy começou a se envolver na polêmica atual quando anunciou que lançaria “Punk Rock Jesus”. A história ocorre num futuro alternativo, onde uma empresa televisiva faz um clone de Jesus a partir dos vestígios do Santo Sudário, manto que acredita-se ter envolvido o corpo de Cristo. O objetivo é filmar um reality show que acompanhe a vida do “jovem Messias”.
Contudo, o programa precisa ser cancelado pois o jovem Cristo se revolta após sua mãe ser descartada da atração, por causa dos baixos índices de audiência. Confuso, ele abandona o estúdio e se declara ateu em rede nacional. Passa a cantar em um grupo de punk rock chamado The Flack Jackets.
Será a primeira vez que Murphy tanto escreve quanto desenha para a editora. Em cinco edições, a minissérie mostra o lado punk do novo JC, sua relação com o guarda-costas – um católico irlandês ferrenho, ex-membro do IRA, que considera seu dever na terra proteger o Messias. Além disso, seu envolvimento com Gwen, a garota escolhida num concurso tipo Ídolos para gestar o filho de Deus.
A revista será lançada em 11 de julho e já tem tradução para o português negociada. Dependendo do tamanho de seu sucesso de vendas, pode ser mais uma história em quarinhos adaptada para o cinema.
Contudo, mesmo antes de ser lançado, o material já é alvo de protestos de grupos religiosos. Murphy diz que chegou a receber ameaças de morte em sua página na internet e durante oficinas que ministrou. A maioria das pessoas deixam recados em sua página pessoal dizendo que ele está indo pro inferno e que sua arte é “pura blasfêmia”. Alguns já prometeram protestos onde vão queimar publicamente a revista assim que for lançada.
“Sou taxado de controverso pois a maioria dos cartunistas evita falar de religião e controle midiático, mas não podemos deixar que o conservadorismo nos impeça de tocar nesses assuntos. Desenho para quebrar tabus”, disse em entrevista recente.
Falando ao site Newsarama, Murphy diz que religião é um assunto que o interessa, mesmo que se considere um ateu. Seu Jesus Cristo fica cansado de ser uma celebridade perseguida pela mídia e se rebela aos 14 anos de idade. Mas para o quadrinista, os personagens realmente revelam a maneira de o próprio autor ver a vida. Ele afirma que passou por fases onde cria e defendia sua fé como o guarda-costas Thomas, depois passou a ser mais como o doutor responsável pela clonagem, que tem uma explicação científica para tudo. Hoje, Murphy se vê como o Jesus punk, rebelado contra as ideias religiosas que lhe foram impostas e com um discurso ateísta militante.
Traduzido e adaptado de Sean Gordon Murphy e News Arama
Nenhum comentário:
Postar um comentário