Tiago 1:13-16
-Pedro, perguntou o diretor, por que você roubou os biscoitos de seu amigo?
-Sabe o que é, disse Pedro, é que meus pais discutiram quando eu tinha seis anos de idade e hoje eu não consigo parar de comer. E depois eu iria pagar pelos biscoitos...
André ficou surpreendido com aquela resposta, mas era apenas o começo. Veja o que disseram outros alunos:
-Beatriz, por que você falta às aulas de educação física?
-É porque eu tenho um defeito genético que me faz detestar educação física.
-Patrícia, por que você não faz sua lição de casa?
-Porque minha mãe não me dá chocolate. O senhor tem que dizer para ela que se ela não me der chocolate eu não vou fazer a lição mesmo, e vou ser burra pelo resto da vida. Será que ela não entende?
-Paulo, por que você não assiste às aulas de geografia?
- Porque eu tenho trauma de geografia.
André ficou impressionado com a capacidade daqueles alunos de justificarem seu mau comportamento.
Quem me faz pecar? Certamento não pode ser minha a culpa. Tem que haver alguém que posso culpar. Mas como vamos descobrir, reconhecer que a fonte do pecado está dentro em mim, e não fora, é um dos primeiros sinais de alguém que tem uma fé viva. De fato, é condição ou pré-requisito para uma fé verdadeira, pois sem esse reconhecimento ninguém se salva!
O autor bíblico, Tiago, já 2000 anos atrás, antecipava essa tendência do coração humano de culpar a todos menos a si mesmo pelo pecado. Pior é que, quando culpamos aos outros, estamos de fato culpando o próprio Deus pelo nosso pecado.
I. A Proibição: Não Culpar a Deus pelo meu Pecado (1.13)
Mas essas justificativas pelo pecado, em efeito, culpavam o próprio Deus que prometeu: Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel, e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar (1 Co 10:13).
Afirmar que outros são responsáveis pelo meu pecado é o caminho mais fácil e mais popular de escaparmos responsabilidade pessoal.
A palavra “tentação” constroi uma ponte entre esse parágrafo e o anterior. É a mesma palavra traduzida “provação” e “tentação”. A idéia é de uma situação difícil que provoca uma resposta. Mas tudo depende de quem origina a situação. Quando Deus nos coloca numa situação de provação, sempre é para nos aprovar, mostrar genuína nossa fé. Quando o Inimigo explora desta mesma situação, é para nos derrubar, desqualificar e, acima de tudo, para sujar o nome do nosso Deus. Quando provados, podemos dizer que somos testados por Deus, para revelar Seu Filho em nós. Mas nunca, nunca, podemos dizer que Deus é responsável direta ou indiretamente por nos colocar numa situação que nos provoca a pecar.
A expressão Deus não pode ser tentado pelo mal indica que não há nada em Deus que corresponda à tentação. Não há nada em Deus que possa ser seduzido a fazer o mal. É como alguém que tenta agarrar com suas mãos a neblina da manhã: sua tentativa será tola e inútil.
Uma vez que Deus não é seduzido pelo mal e nada há nele de mal, Ele não é a fonte nem o responsável, direta ou indiretamente, pelo meu pecado. Seria totalmente incoerente para Deus tentar incitar alguém ao mal, visto que Ele é tão distante do pecado que não podia nem encarar seu próprio Filho na cruz do Calvário.
Gostaria que você me acompanhasse por um pequeno tour, primeiro pelo mundo, depois pelas Escrituras, para descobrir como o homem atual não é muito diferente do que o homem antigo em termos do desvio da culpa.
O Mundo Atual
1. Ciência
Genética—o homem é produto de DNA, genes e cromossomos e é programado por eles para ser o que é.
2. Psicologia
Behaviorismo —o homem é produto do seu ambiente. Ele é um animal, que quando condicionado pelo mal, mau se tornará, mas quando condicionado pelo bem, será bom. Culpado é o ambiente.Vitimização—não sou membro de uma família conturbada pelo pecado, mas uma família disfuncional. Psicánálise—sou dirigido por instintos básicos que, quando remprimidos, me levam a extrapolar meus desejos. Complexos sexuais causados pelos pais, pela sociedade, pelo id, ego ou contra-ego, mas certamente não pela minha natureza pecaminosa. Culpada é a sociedade, a religião e o instinto básico.
3. Teologia/Filosofia
Batalha espiritual— Mas existem outras tentativas mais sutis de minimizar o pecado, mais “espirituais”. O que se vê em muitas igrejas hoje é uma ênfase em batalha espiritual que tem praticamente o mesmo efeito de isentar o indivíduo do seu pecado. Em algumas formas de batalha espiritual os demônios é que são responsáveis pelo pecado do homem.
Alguns movimentos chegam a dar nomes para esses demônios que não encontramos de forma alguma na Bíblia. O efeito é que, de forma sutil, culpamos a outros e não a nós mesmos pelo pecado: Tenho o demônio de depressão . . . de ira . . . de fornicação . . . de espancamento . . . de sonegação . . . de mentira . . . É muito cômodo, então, fazer um exorcismo, algum rito religioso, para me livrar do “demônio” e também da culpa. Mas enquanto não tratamos da raíz, esses “demônios” voltam..
Cura Interior — Certamente há necessidade de cura interior para todos nós. O pecado tem deixado circatrizes em nossos corações. Mas alguns movimentos promovem técnicas espetaculares, emocionais e/ou psicológicas para lidar com o pecado sem perseguir o problema até a raíz—o coração humano e a natureza humana. Somos vítimas, muitas vezes, sim; mas também somos responsáveis diante de Deus pelas nossas reações pecaminosas ao pecado. Ao invés de culpar aos outros (alguns movimentos até chegam ao ponto de “perdoar a Deus”, devemos confessar nosso pecado. Em vez de culpar os pais, irmão, patrões, vizinhos, devemos perdoá-los e nos arrepender dos nossos pecados.
Será que eu e você caímos no mesmo erro que Tiago adverte? Culpar aos outros, e especialmente a Deus, é marca de quem não está permitindo que a vida de Jesus seja vivida nele.
II. A Explicação: Eu Sou Responsável pelo meu Próprio Pecado (14-15)
Tiago mostra como eu sou o principal responsável pelo meu próprio pecado. O verdadeiro cristão, para se tornar cristão, tem que reconhecer esse fato. O primeiro ponto do Evangelho é: Eu sou pecador! Essa mensagem não é muito popular em nossos dias. Preferimos falar em erros, falhas, defeitinhos, mas não em pecado como ofensa contra um Deus santo.
Tiago usa uma analogia apropriada de pecado sexual para descrever o processo mortífero que leva ao pecado:
Cobiça -- Atrai -- Seduz -- Concebe -- Dá à luz: pecado -- Morte
As Escrituras
Culpar outros pelo meu pecado tem uma longa história nas Escrituras. Veja:1. Adão e Eva (Gn 3:12-)
2. Arão (Ex 32:24)
3. Saul (1 Sm 13:12)
O caminho da graça começa quando reconhecemos a nossa culpa!
Pv 28:13 diz: O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia. (Sl 32:1-5)
1 Jo 1:9 diz que se confessarmos os nossos pecados Deus é fiel para nos perdoar. Esse é um caminho confiável, tanto para aquele que nunca abraçou Jesus como seu Salvador, quanto para aquele que já conhece Jesus mas é tentado a se desculpar pelo pecado. Confissão significa concordar com Deus sobre o meu pecado. Os pecados devem ser identificados pelos seus nomes e confessados. É chegar diante dele e dizer: Senhor, pequei contra ti porque tenho mágoas em meu coração e tua Palavra diz que isto é pecado. Perdoa-me. A obra de Cristo na cruz, morrendo no nosso lugar, pagando o preço de toda a sujeira que já cometemos, é suficiente para livrar da condenação eterna todos que depositam sua confiança unica e exclusivamente nEle. Sua ressurreição garante que todos os nossos pecados foram perdoados.
Não há necessidade para os alunos da escola do Diretor André, muito menos nós, justificarmos nosso pecado. O caminho da graça começa quando reconhecemos a nossa culpa, e corremos até o perdão oferecido por Cristo Jesus.
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